Estávamos numa discussão política quando ele me encarou e
sorriu. Um sorriso maroto de superioridade, emendado um conselho sábio: - você
não pode concordar que uma pessoa sem estudos tenha a mesma capacidade e
sabedoria para administrar um país... E sentenciou: você não pode ser igual a
uma pessoa que nunca frequentou uma faculdade! Foi então que percebi penetrando
na estrutura do pensamento iluminista que definiu a ciência racional como base
para qualquer pensamento coerente. Não se obtém sabedoria fora dos assentos
escolares.
Dessa forma e prisioneiro da minha formação acadêmica recolhi-me
a pensamentos “primitivos” tentando “regredir” ao estado de pureza ou ignorância
completa.
Não existe tal estado? Ou será que é o estado que a gente
define como incapaz de possuir uma “consciência social” da qual as pessoas “mais
humildes” se encontram.
Há essa altura pensei no motorista de ônibus que me carrega;
na enfermeira que ministra remédios aos pacientes, ao próprio Presidente da
República. Pensei se um lixeiro não tem a mesma responsabilidade quando limpa
as ruas de uma cidade em que moram ricos e pobres... Não seriam capazes de
administrar seus bens? Por mais que esses bens se resumam à sua família? E que
nós, de maneira geral temos que tomar decisões arbitrárias para continuarmos
vivendo da maneira que acreditamos correta e justa?
Meio sem pensar, vomitei esses pensamentos no meio da
conversa...
Novamente ele me encarou, dessa vez com um sorriso paternal
dizendo: você é um idealista... Eu também concordo, mas as diferenças existem
desde que o mundo é mundo. Não há como nega-las.
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