Conheci Quica quando fiz L.A. no cursinho para vestibular de
Arquitetura. Era uma menina diferente dos meus padrões habituais de Zona Norte
Paulistana. Me sentia a vontade em conversar sobre tudo com ela. Como em
“Eduardo e Monica” do “Legião Urbana” ela me falava de política, arte,
arquitetura e poesia. Discutíamos o mundo sob a objetiva de dois adolescentes
deslumbrados com a beleza e a igualdade humana.
Certa vez, subíamos a Teodoro Sampaio, até o próximo ponto
de ônibus, quando ela me perguntou em que partido eu me simpatizava na época.
Eu, menino de dezessete anos, que vivia todas as sensações sensatas e
insensatas na época, não possuía uma noção o que acontecia no país, naquele
momento de inquietude que caracterizou o final dos anos setenta.
Então, respondi que votaria nos candidatos do PP.
Na minha cabeça, o PP (Partido Popular) formado a partir de
Tancredo Neves, Claudio Lembo e Setubal representavam a liberdade e a
democracia pretendida em termos intelectuais e empresariais. Achava o máximo.
Ela, de forma delicada, me perguntou se eu sabia da origem
de cada uma das pessoas que eu coloquei como referência para o meu voto.
Claro que eu não sabia. Só conhecia discursos divulgados
pela televisão.
Apesar de saber da existência da formação de um partido de trabalhadores
e que cujo personagem Lula estava a frente dessas negociações e de eu admirar
as greves do ABC e admirar Lula de longe, não tinha ideia do que seria esse
partido e nem o que ele poderia significar num contexto político no qual estava
a partir de então inserido pelo resto da minha vida.
A Quica me fez...
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